Eleições Guiné-Bissau. Chefe da missão da União Africana diz que há "vencedor" e resultados para divulgar

O chefe da missão de observação da União Africana às eleições na Guiné-Bissau, Filipe Nyusi, afirmou hoje que há resultados da votação e "vencedor" do escrutínio, que terminou num golpe de Estado, os quais "devem ser publicados".

Lusa /
Foto: Delcyo Sanca - Reuters

O chefe da missão de observação da União Africana às eleições na Guiné-Bissau, Filipe Nyusi, afirmou hoje que há resultados da votação e "vencedor" do escrutínio, que terminou num golpe de Estado, os quais "devem ser publicados".

"Na Guiné-Bissau as eleições correram bem e existe vencedor. Ou, se eu quiser ser mais modesto, existem resultados. E esses resultados devem ser publicados", disse Nyusi, ex-Presidente moçambicano (2015-2025), que esteve a liderar, no terreno, a missão de observação da União Africana, citado pela Rádio Moçambique.

Nas mesmas declarações, Nyusi criticou a ausência de divulgação dos resultados das eleições na Guiné-Bissau: "Não se pode evitar, porque é que se evita? Porque é que se aceitou que houvesse eleições lá, porque naquela última hora que se fechou a urna e selou-se, depois de terminar, não havia esse problema. Então, existem resultados, tem que se publicar".

A candidatura de Fernando Dias, que reclama vitória nas presidenciais na Guiné-Bissau, exigiu na quarta-feira à Comissão Nacional de Eleições (CNE) a convocação da plenária do órgão para que os resultados eleitorais sejam declarados "o mais rápido possível".

Em comunicado consultado pela Lusa nas redes sociais, a candidatura de Fernando Dias da Costa reagiu ao anúncio feito na terça-feira pela CNE, que se mostrou indisponível para dar continuidade ao processo eleitoral e divulgar os resultados das legislativas e presidenciais de 23 de novembro, devido a alegados atos de vandalismo às suas instalações.

Na voz do seu secretário executivo adjunto, o juiz Idriça Djaló, a CNE anunciou, numa conferência de imprensa, que "tem total impossibilidade de continuar e concluir o processo eleitoral", devido aos alegados atos de vandalismo às suas instalações, aos equipamentos e ao confisco das atas de apuramento regional das eleições.

De acordo com Djaló, os alegados atos teriam sido protagonizados por "homens armados e encapuzados" no dia 26 de novembro, véspera do anúncio dos resultados provisórios.

A candidatura de Fernando Dias da Costa, atualmente exilado na embaixada da Nigéria em Bissau, condena o "posicionamento ilegal" do secretariado executivo da CNE, que acusa de "usurpação de competências" da plenária do órgão que deveria, defende, ter sido convocada a pronunciar-se sobre o processo.

Assim sendo, o candidato exige a convocação da plenária da CNE e a divulgação dos resultados "o mais rápido possível para que se respeite a vontade popular expressa nas urnas".

A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como de outra organização regional, a União Africana, consequência do golpe de Estado em 26 de novembro, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.

As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes em 23 de novembro e, um dia depois, o candidato da oposição, apoiado pelo histórico partido PAIGC, excluído das eleições, Fernando Dias, reclamou vitória na primeira volta sobre o Presidente Embaló.

Na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar que nomeou o Presidente de transição, o general Horta Inta-A.

O general anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro e ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló.

No sábado, foi empossado um novo Governo de transição com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.

No golpe, o líder do PAIGC, Simões Pereira, foi detido e a tomada de poder pelos militares está a ser denunciada pela oposição como uma manobra para impedir a divulgação dos resultados eleitorais.

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